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// Para minha avó Elisa,

  • Foto do escritor: Karina Copetti
    Karina Copetti
  • 16 de mai.
  • 1 min de leitura

Tocar com a ponta dos dedos o fio tecido pelo longo sonho. Em presença do quer que lhe chamem, entrelaçaram-se os passos entre passado e presente. Tece-se futuro. Caminhamos de mãos dadas envoltas no alto, vivo e sonoro, silêncio do bosque. No muitas vezes estreito olhar humano, poderiam dizer que falava sozinha. Mas as conversas são besouros pretos e brilhosos que dançam por entre urtigas, pilriteiros e macieiras. As palavras estão vivas. Adormecer em baixo de um pé de carvalho tramou sonhos lúcidos. Na estreita medida numérica, aconteceu comigo há dois anos atrás. Hoje, se me permito de novo tamanha estreiteza do tempo, me aconteceu um estado de graça. Causado pelo gesto da planta do pé pisando folhas secas, abriu-se uma mágica fenda no tempo. Entrelaçam-se choro, riso, rezo. Poesia. Enquanto tua presença se ergue e cheira forte como ferro em casca de carvalho rugosa, eu sinto como se minha vida inteira estivesse estado nesse bosque. Abençoados foram meus calçados, esse objeto material físico e palpável, que estava ao meu lado caído no chão, e me fez ter certeza que tudo isso acontecia por entre o espaço dessa fenda impalpável mas muito real.


O fio do sonho me deslizou suave e bonito por entre os dedos.

A vida era em totalidade. E bosque.


À Elisa 💜


[Erzsébet Péter Schiller

17 de maio 1885

Ácsteszér, Hungria]


E também à sua avó Theresa, à sua mãe Barbara, à sua filha Irene. E um presente à minha avó Viviane e à minha mãe Madeleine.


Em algum lugar no interior da Hungria,
Em algum lugar no interior da Hungria,

 
 
 

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